Vivemos em uma era em que o foco no eu se tornou uma norma. Redes sociais e campanhas de marketing muitas vezes nos incentivam a colocar nossos desejos e vontades no centro de tudo, promovendo a ideia de que somos protagonistas absolutos. Entretanto, o cristianismo nos ensina um caminho oposto, um caminho de altruísmo, serviço ao próximo e humildade. A frase “Você não é o foco” ressoa profundamente com os ensinamentos bíblicos e desafia a cultura contemporânea do “eu primeiro”.
O Chamado à Humildade
A Bíblia frequentemente ensina sobre a importância de rejeitar o egoísmo e adotar a humildade. Um exemplo claro disso pode ser encontrado nas palavras do apóstolo Paulo, em Filipenses 2:3-4:
“Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.”
Aqui, Paulo instrui os cristãos a agirem com humildade, considerando os outros como mais importantes do que a si mesmos. Isso não significa desvalorizar a própria vida ou os próprios talentos, mas compreender que o verdadeiro caminho cristão não é sobre nós mesmos, mas sobre o serviço aos outros. Ao adotarmos essa mentalidade, reconhecemos que nosso papel no mundo é de servos, e não de mestres ou protagonistas.
Jesus Cristo: O Exemplo Supremo de Humildade e Serviço
O exemplo supremo de “não ser o foco” é o próprio Jesus Cristo. Embora fosse o Filho de Deus, Ele não viveu para ser servido, mas para servir. Em Mateus 20:28, lemos:
“Assim como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.”
Jesus, que tinha todo o poder e autoridade, escolheu viver uma vida de abnegação. Ele lavou os pés de seus discípulos (João 13:14), curou os doentes, alimentou os famintos e, por fim, entregou Sua própria vida para redimir a humanidade. Cristo não fez de Si mesmo o centro das atenções, mas concentrou Seu ministério no serviço ao próximo e na obediência à vontade do Pai.
Amar ao Próximo: O Mandamento Central
Outro ensinamento fundamental que nos convida a desviar o foco de nós mesmos é o mandamento do amor ao próximo. Em Mateus 22:39, Jesus resume a Lei e os Profetas em dois mandamentos, e o segundo deles é:
“Ame o seu próximo como a si mesmo.”
Aqui, Jesus nos chama a agir com um amor que não é centrado no ego, mas sim no bem-estar dos outros. Esse tipo de amor exige sacrifício, abnegação e, muitas vezes, renúncia pessoal em prol do bem comum. O foco está em promover a paz, o bem-estar e a felicidade de quem está ao nosso redor, e não em exaltar nossos próprios desejos e vontades.
Negar a Si Mesmo para Seguir a Cristo
Em Mateus 16:24, Jesus faz um chamado ainda mais profundo para aqueles que desejam segui-Lo:
“Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.”
Essa é uma das passagens mais desafiadoras do evangelho, pois implica em abrir mão dos próprios desejos para abraçar o caminho de Cristo, que é de sacrifício, serviço e entrega. Negar a si mesmo é reconhecer que nossa vida não gira em torno de nós, mas em torno de Deus e de Seu plano para o mundo.
O Papel da Igreja: Comunidade de Serviço
A Igreja, como corpo de Cristo, é chamada a ser um reflexo desse altruísmo. O apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 12:12-27, descreve a Igreja como um corpo composto de muitos membros, onde cada parte tem uma função, e nenhuma delas é mais importante que a outra. Ele destaca que, embora cada um de nós tenha dons e responsabilidades individuais, o foco não está em nós mesmos, mas em edificar o corpo de Cristo como um todo.
Conclusão: O Verdadeiro Foco no Reino de Deus
Quando compreendemos que “não somos o foco”, liberamos espaço em nossos corações para que Deus seja o verdadeiro centro. Passamos a ver nossas vidas não como uma busca incessante por autossatisfação, mas como uma jornada de serviço e amor ao próximo. A humildade, o altruísmo e o amor são os princípios que guiam aqueles que seguem a Cristo.
Em um mundo que continuamente nos empurra para a autopromoção, a Bíblia nos chama a viver de maneira oposta: negar a nós mesmos, servir aos outros e colocar Deus no centro de tudo. Como Jesus nos ensinou, “os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos” (Mateus 20:16). O foco, portanto, não está em nós, mas no amor que compartilhamos e no serviço que prestamos, seguindo o exemplo de Cristo.